Dos acontecimentos de 1935, a tomada do poder em Natal pela
Aliança Nacional Libertadora [ANL] em 23 de novembro de 1935, restou para
Macau, dentre outros episódios contra as lideranças sindicais, a prisão e
destituição do presidente do Sindicato dos Estivadores, Pedro Romero de
Barros. Muitos historiadores citam a grande influência que o Partido
Comunista Brasileiro tinha entre os estivadores e a proposta da criação de uma
central única dos trabalhadores, fundamental para o encaminhamento das ações
revolucionárias. Derrotado o governo provisório da ANL em Natal, imediatamente,
em todo o Rio Grande do Norte, os considerados apoiadores do movimento foram
presos. A transcrição da Ata da sessão extraordinária do Sindicato dos
Estivadores de Macau realizada em 29 de novembro de 1935, três dias após a
retomada do poder, é um documento histórico de grande importância que não
escapou à percepção do Professor Benito Barros [1957/2010] que o transcreveu à
página 123 do Macauísmos – Lugares e Falares Macauenses – 2ª edição. No verbete
da Praça Joaquim Honório.
É uma assembleia singular. Foi presidida pelo juiz de direito da
comarca à época Amaro de Souza Marinho com a presença do delegado de polícia,
sargento da Polícia Militar, o tabelião do cartório e um representante de uma
empresa de navegação. O que faziam essas pessoas numa assembleia de estivadores
só o episódio da luta de classes e correlação de forças pode explicar. A
reunião é aberta por Eloy Barbosa Pimentel, secretário do Sindicato que
“convida” o juiz de direito para assumir a presidência da sessão. Em seguida o
juiz Amaro Marinho informa que Pedro Romero de Barros não poderia mais ser o
presidente do sindicato por estar preso “suspeito por ideias extremistas”
e propõe a dissolução da diretoria do sindicato e a expulsão de Pedro Romero de
Barros dos quadros do sindicato. Feito isso elegeram uma nova diretoria para o
sindicato com pessoas da inteira confiança getulista.
De Claudio Guerra para o baú de Macau.
FONTE – O BAÚ DE MACAU